Pastoral

 



poema no livro Balada dos Quatro Ventos, 1956

Marigê Quirino Marchini


Nos violoncelos verdes

dos bojos das árvores,

o molto moderato

da escala do vento.


Embaixo, o riacho

pizzicateando

nas pedras do leito.


Compasso ternário

de sol, lua e eu,

(também natureza).


Andante cantabile

da felicidade,

no dia, na noite

e em minha face.  



...


Comentários do blog: Pastoral é um poema idílico, bucólico, fala de natureza. Neste poema, a percepção da natureza é perspassada pela música - daí o vocabulário em italilano, típico da música clássica. A natureza tem música, não uma música cultural, mas sim espiritual. O eu lírico - a poetisa - sente-se parte da natureza, em harmonia, ela faz parte do "compasso ternário": "sol, lua e eu". Essa natureza também é a da passagem do tempo, da alternância de dia e noite, de claridade e escuridão. Mas, ainda que exista o tempo, e portanto a mudança, o que prevalece no poema é a harmonia, pois tudo isso é natureza, e o resultado é felicidade. O ser humano escuta essa espiritualidade musical da natureza, e sente o vento em sua face, há alegria em fazer parte. 



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