Diário de Bordo - parte 2.2 - de Marigê
Diário de Bordo, de Marigê Quirino Marchini.
São Paulo, 1958.
Parte 2 - Liturgia em azul bemol.
Neste blog, parte 2.2 - Devido a ser uma parte mais extensa, será apresentada em diversas seções neste blog.
#paratodosverem. As imagens nesta página são do livro, e seu conteúdo é o mesmo da parte digitada anteriormente à imagem. A numeração é do blog. Posteriormente, se conseguir, incluirei áudio.
1.
Perto do meu destino
a fonte, o sonho, a sílfide
e a desmedida distância
entre um e outro.
Que a fonte é a palavra represada
e sonho a língua que falo para mim
a sílfide o que fui ontem e já não sou.
2.
As camélias são negras uma vez
quando marcadas pela noite branca.
3.
O anjo que encaminha a lua dos vales
foi deserdado.
Porque tinha inocência demais para sorrir.
E uma pobreza de anjo é a mais triste:
só
no turbilhão de suas asas.
Oh! Esta participação com seu pecado!
Querer chorar
a sempre surpresa
de recomeçar eternamente o que foi tédio ontem!
Foram mais inocentes
os anjos deserdados
que os adolescentes ........?
obs. o sistema do blog do não deixa salvar certas palavras. Estou procurando reproduzir o livro como é, sem crítica. Afinal, a autora tinha cerca de vinte anos.
...
4.
Barcos e nenhum regresso
eis o que somos.
De nada adianta o cotidiano de nossos olhos
abertos para os portos.
Angariamos nossas paisagens entre os anjos
e as devolvemos douradas de desertos.
Ignoramos com a inocência dos mortos o amanhã;
tristes
perpétuos
vivos.
Ao pentearmos nossos cabelos, quem os admirará
loiros,
antes na noite?
E a mirra que carregamos,
como ladrões,
dentro de nossos ossos,
quem a reterá entre seus dedos?
Dispersemos
cada sílaba de nosso destino.
Que a música sem vozes
prossiga
solene
ritual
eterna.
...
Continua aqui
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