Diário de Bordo - parte 2.3 - de Marigê

  Diário de Bordo, de Marigê Quirino Marchini.

São Paulo, 1958.

Parte 2 - Liturgia em azul bemol.

Neste blog, parte 2.3 - Devido a ser uma parte mais extensa, será apresentada em diversas seções neste blog.

#paratodosverem. As imagens nesta página são do livro, e seu conteúdo é o mesmo da parte digitada anteriormente à imagem. A numeração é do blog. Posteriormente, se conseguir, incluirei áudio.


1.

Neste jogo diurno
se a candura dos dados
formasse um intervalo de sorte
entre a mão e o destino
eu apostaria sobre as rosas dos outeiros
toda desolação 
contigo.




2. 

Entre mim e ti a hora do depois.
Quando o musgo for mármore verde
sobre o acaso
haverá um lago no pórtico dos templos,
deuses serão rosas de água
e cisnes mudos
- que o perfume e o canto não deslizem
mais além das miragens. 


3. 

Que os pássaros
 não lamentem as mortes náuticas
vazias de cantos tristes.
Os funerais
deixam marcas de rosas
nos cabelos dos que descansam
sobre a despedida
e é melhor os marinheiros
descerem ao mar
tão iguais ao começo da terra - 
sem nada. 





4.

ELEGIA ATLÂNTIDA 

Eglantinas
no mural das águas.
(Berceuse dos peixes
à sombra dos submarinos
berceuse dos polvos
das anêmonas
estrelas
corais.)
As eglantinas
são para os afogados
despertos no mural das águas.




5. 

No final dos abismos
raízes
erguendo a próxima estrela.
Plenilúnio de silêncio
depois.
Nem os suicidas,
os que entregam lendas às lendas,
falarão mais do que o sorriso
descoberto na queda,
esta noite. 




6. 

BALADA

Pelo cobre cor de fogo
aleluia
aleluia pela história
da menina raiz
os cabelos se espalhando
cor de cobre cor de fogo
aleluia.
Pela chuva cor de erva
aleluia
os cabelos vão crescendo
cor de chuva cor de erva
aleluia.
Aleljuia pela menina florida
Aleluia pela feiticeira
que inventou uma menina florida
aleluia. 






Continua aqui parte 2.4




Comments

Popular posts from this blog

Diário de Bordo, de Marigê - livro completo, índice

Balada dos quatro ventos - página 18 ss - Marigê

Acesso ao livro Diário de Bordo, de Marigê