Diário de Bordo - parte 3.7 - de Marigê
Diário de Bordo, de Marigê Quirino Marchini.
São Paulo, 1958.
Parte 3 - Margem
Neste blog, parte 3.7
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página 205
Balada pastoral
da tempestade:
vidraças
poucas, na noite descida
sobre os alforges,
- lanternas
no portal do vento.
Como os que partem
do ameno limiar
enganarão as bruxas
pela canção!
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página 207
BALADA DO CONSOLO TRISTE
Fonte,
copo imóvel entre duas sombras,
amoras nativas das fronteiras
engrinaldam bosques para a lua
e a perfeita noite
beberá pinheiros em teu branco,
ontem ...
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página 209
Na hora do ocaso
parreiras darão
as vinhas crepusculares
aos pássaros mortos
que a ária dourada
chamou para a sede
da sombra.
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página 211
A semana das aves
prinicipia com o domingo das crianças.
Depois é um dia atrás do outro
gansos
codorniz
o marulho de água
o canto
cisnes pequenos e grandes
voos rasgados
e os inquietos pássaros de manhã e à noite.
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página 213
OS BICHOS NOTURNOS
Da forma das grutas evoluem
subterrâneos e puros
rendilhadas pegadas
desdobrando o inicial domínio
do campo em plenilúnio.
Magia do ver através
desejando
flores na terra da noite.
Silêncio de suas falas
que mastigam somente papoulas
o sonho crescendo com eles
dos perfis aos claros movimentos.
Vão e vêm entre a antena da sombra
captam o rumor das copadas estrelas
e a extensão das raízes.
Também da amplitude do tronco têm sede de selva
mas demasiado é o relativo
de suas garras
que dilaceram em hastes
apenas a solidão de seus rastros -
lobos que existem apenas para a lua
pregada em cactus.
Por isso uivam
e entregam ao retorno suas vozes.
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página 215
Muros
sem pausa sobre a lisa vigilância.
Cinzelar taças ausentes
para o vinho da canção sombria.
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continua aqui
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